João Urban: Uma Vida Dedicada à Fotografia Documental

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Nascido em Curitiba, em 1943, João Urban teve seu primeiro contato com a fotografia por meio de um tio que gostava de registrar momentos da família e tinha uma pequena câmara escura em casa. Seu verdadeiro interesse pela arte, no entanto, surgiu ao observar fotografias expostas em vitrines de lojas e revistas estrangeiras, despertando sua paixão pelo poder narrativo das imagens.

Nos anos 60, ele começou a se identificar como fotógrafo ao documentar manifestações estudantis contra a ditadura militar. Trabalhando inicialmente em um banco, percebeu que poderia transformar sua paixão em uma carreira ao ver outros profissionais ganhando a vida com a fotografia. Influenciado por Jesus Santoro, montou seu próprio laboratório e passou a atuar profissionalmente, especialmente na fotografia publicitária, que financiou seus projetos documentais.

Um de seus trabalhos mais marcantes foi o registro dos trabalhadores bóias-frias entre 1976 e 1981, em um período de intenso êxodo rural. Seu olhar capturou a realidade desses trabalhadores, resultando na publicação de seu primeiro livro por uma editora alemã e na participação no Primeiro Colóquio Latino-Americano de Fotografia. Essa conexão com outros fotógrafos fortaleceu a cena documental no Brasil.

Outro marco de sua trajetória foi a exposição na Quinta Bienal de Havana, onde apresentou registros dos descendentes de poloneses em colônias ao redor de Curitiba. A experiência o levou a explorar ainda mais sua fotografia documental, levando-o a projetos como a documentação da cultura caiçara no litoral paranaense. Em 2009, publicou um livro sobre a região, fruto de anos de viagens e registros.

Exposição “Entre o Som do Mar e da Mata”

Um de seus trabalhos mais emblemáticos reúne registros fotográficos feitos ao longo dos anos na região do litoral paranaense, especialmente em Guaraqueçaba. Esse projeto nasceu de uma pesquisa sobre a Baía de Paranaguá e suas florestas, e se aprofundou na cultura caiçara, documentando desde a construção de canoas tradicionais até a confecção de rabecas e violas. Essa exposição é um testemunho visual da harmonia entre o homem e a natureza, capturando a essência de um modo de vida ameaçado pela modernização.

Urban também acompanhou a construção de uma canoa tradicional de guapuruvu e o trabalho do mestre Martinho, artesão de rabecas e violas. Seu olhar não apenas registrou a cultura popular, mas também contribuiu para sua preservação.

Você pode conferir a exposição, que está acontecendo no Arco das Artes, localizado no arco superior da Ópera de Arame, onde se encontram os camarotes utilizados em shows noturnos. O Arco das Artes é um espaço dedicado a exposições e manifestações artísticas.

Preocupado com a preservação de seu acervo, o fotógrafo alerta sobre a fragilidade dos arquivos digitais e enfatiza a importância da fotografia impressa como registro histórico. Hoje, sua obra é um testemunho visual da transformação social e cultural do Brasil, esperando que seu legado inspire gerações futuras.

João Urban é mais do que um fotógrafo; é um contador de histórias que, por meio de suas lentes, imortalizou fragmentos da realidade brasileira.

Confira a entrevista na íntegra com o fotógrafo João Urban.

Dezirre Nicoli.

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